III Peregrinação de Nossa Senhora da Cristandade em Espanha
A Ordem Templária de São Miguel Arcanjo marcará presença no Capítulo
Português Nossa Senhora de Fátima na III Peregrinação de Nossa Senhora da
Cristandade em Espanha.
Com início em 2021, trata-se de uma peregrinação anual ao 𝗦𝗮𝗻𝘁𝘂𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝗡𝗼𝘀𝘀𝗮 𝗦𝗲𝗻𝗵𝗼𝗿𝗮 𝗱𝗲 𝗖𝗼𝘃𝗮𝗱𝗼𝗻𝗴𝗮, localizado nas Astúrias, organizada por um grupo de fiéis católicos
leigos devotos da celebração da Santa Missa Tradicional. Acontece por volta da
festa do Apóstolo São Tiago (25 de Julho), padroeiro da Espanha.
O principal objetivo da peregrinação é a santificação da alma por meio de
graças pedidas a Nosso Senhor, por intercessão da Santíssima Virgem Maria,
oferecendo orações, sacrifícios e mortificações durante três dias de caminhada,
correspondentes a 95Km, com celebração diária da Santa Missa. O Capítulo
Português será acompanhado espiritualmente pelo Rev. Sr. Padre Miguel Coelho, pelo
Sr. Padre João Diego da O.T.S.M.A. entre outros sacerdotes e seminaristas que
teremos a Graça de ter presentes no nosso capítulo.
A mesma ocorrerá 𝗱𝗲 𝟮𝟮 𝗮 𝟮𝟰 𝗱𝗲 𝗝𝘂𝗹𝗵𝗼.
Mais informações e inscrições em https://nscristiandad.es/pt/.
Informações sobre como participar nesta peregrinação
ordem.templaria.sao.miguel.arcanjo@gmail.com
𝗜𝗻𝘀𝗰𝗿𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝘁𝗲́ 𝗱𝗶𝗮 𝟯𝟬 𝗱𝗲 𝗝𝘂𝗻𝗵𝗼!
Apelo a Covadonga
Tudo parecia perdido. Muitos cediam à tentação de desistir. Os muçulmanos
do Norte de África tinham atravessado o Estreito de Gibraltar em 711, e
rapidamente ocuparam toda a Península Ibérica. As elites visigodas, divididas
pela guerra fratricida e seduzidas pelas riquezas e pelo poder, submeteram-se
facilmente e passaram a viver cobardemente sob o domínio dos novos senhores,
procurando manter o seu estatuto. Mas houve quem não se rendesse e resistisse
como pôde, e se mantivesse fiel. Por muitos sítios de Portugal e de Espanha há
santuários que têm origem na descoberta de imagens durante o longo período da
Reconquista Cristã, que tinham sido escondidas pelos cristãos em fuga, durante
a invasão muçulmana. A descoberta da imagem de Nossa Senhora do Pranto em
Dornes é um dos nossos exemplos mais eloquentes. E para onde fugiram? Para as
montanhas das Astúrias, no Norte da Península.
Foi aí que, provavelmente em 722, acossados pelos muçulmanos que já se
tinham dirigido para Norte, cristãos liderados por Pelágio (a quem o Bispo
Oppas tentou dissuadir de lutar e pressionou para que se aliasse aos muçulmanos),
arremeteram corajosamente contra os inimigos da fé, e o milagre inesperado
aconteceu: contra todas as esperanças e cálculos humanos os cristãos venceram
os muçulmanos. A célebre batalha aconteceu junto à gruta de Covadonga, a
“Cova Domina”, a Cova de Nossa Senhora, onde se venerava a imagem da
Virgem Maria que Pelágio e os seus companheiros invocaram naquele momento
crucial para a nossa história e para a história do mundo.
Desta primeira vitória dos cristãos nasceu o Reino das Astúrias, cujo desenvolvimento
levou depois ao Reino de Leão. E, graças ao prosseguimento da Reconquista,
daqui nasceram o Condado de Castela (que depois se viria a tornar no Reino de
Castela que, unido ao Reino de Aragão levaria à criação do Reino de Espanha), e
o Condado Portucalense, que depois se havia de tornar no nosso amado Reino de
Portugal. Covadonga é tão significativa para a identidade das Espanhas e de
Portugal, e do mundo cristão que destes reinos nasceu que, no século XIX,
quando os autores românticos procuraram as raízes ancestrais da nossa Pátria,
Alexandre Herculano escreveu o célebre livro “Eurico o Presbítero”
que é, nem mais nem menos, do que a narração do extraordinário acontecimento
que foi a Batalha de Covadonga, o evento que permitiu o renascimento cristão da
Península e que, consequentemente, permitiu que a fé cristã fosse levada aos
quatro cantos da terra.
De facto, a missão da reconquista e da propagação da fé cristã levou os
portugueses de entre Douro e Minho até aos confins do Algarve, e em 1415 até
Ceuta, no Norte de África. Percebemos porquê quando lemos na “Exortação da
Guerra”, de Gil Vicente: «África foi de cristãos/ mouros vo‑la tem roubada». E
em poucos anos a Cruz rubra de Cristo e as Quinas de Portugal, «por mares nunca
dantes navegados», chegaram aos lugares mais exóticos do mundo até então
desconhecido para os europeus. E Camões ainda acrescenta, enfaticamente, no
Canto VII de Os Lusíadas: «E se mais mundo houvera, lá chegara»…
Quem conhece os portugueses sabe muito bem que só uma forte e profunda
motivação espiritual poderia ter levado tão longe e tão alto os tranquilos
habitantes da «ocidental praia Lusitana». Já percebemos o que é que nos falta
hoje… Voltar a Covadonga é responder ao apelo de Cristo: «Ide por todo o
mundo!», sabendo que para isso é necessário primeiro inflamar o nosso coração
na mesma heroica fé que encheu o peito de D. Pelágio e dos seus companheiros de
armas. Nessa Cova bendita onde um dia renascemos católicos cantaremos a plenos
pulmões o “Salvé Nobre Padroeira”, recordando, com gratidão e amor, essa outra
Cova, da Iria, que a Virgem Maria transformou em Altar do Mundo. E a Jesus
Cristo, nosso Rei, cujas gloriosas Chagas adornam o nosso brasão, prostrados
diremos: «A ti pertence a terra portuguesa / Nossa Rainha é Tua Mãe bendita /
Somos cristãos não há maior nobreza; / Teu Coração de amor por nós palpita».
Até Covadonga! Para que em Portugal se conserve sempre o Dogma da Fé!
Pe.Fernando António, FSSP